Sérgio Azem

PRIMEIRO PASSO PARA O SEU BEM-ESTAR: SEPARE OS FATOS DAS INTERPRETAÇÕES

“Podemos dizer que percepção é a forma muito particular com que as coisas se parecem para cada um de nós. E o que faz com que tenhamos maneiras muito especiais e singulares de percebermos a realidade, e de nos relacionarmos com ela de uma forma muito particular? Vamos resgatar um pouco aquilo que faz parte da nossa natureza:

Desde nossas origens, muito antes de nascermos, a humanidade vem transferindo e atualizando uma memória ancestral por meio de mitos, imagens, ideias, conceitos, crenças, valores e, principalmente, das emoções que “marcam” nossas experiências. Essas formas de apreensão e entendimento da vida, seja pessoal ou profissional, de alguma maneira, estão associadas ao atendimento de necessidades para nos gerar bem-estar psicológico, físico, e também espiritual, numa perspectiva de uma vida com propósito e significado. A congruência dessa perspectiva de vida com nosso trabalho e com a Missão, Visão e Valores da empresa onde trabalhamos, quando for o caso, também é chave para nossa saúde mental e bem-estar da mesma forma!

Durante os primeiros anos de vida, é vaga a ideia de que somos um indivíduo separado de tudo mais e a nossa necessidade de sobrevivência e segurança fica a encargo do seio materno. Essa percepção de fazer parte de um todo maior nos primeiros anos de vida, que é um aspecto da consciência em formação, remete à clássica expressão do Yoga que significa União: “Somos todos UM”.

“A forma mais elevada da inteligência humana é a capacidade de observar sem julgar.”

                                                                                                                                            Jiddu Krishnamurti

À medida que crescemos, passamos a ter consciência de que somos um ser único, um “mix singular” daquilo que faz parte de todos nós seres humanos, que nos conecta, com destaque para os nossos sentimentos e necessidades, que são universais. Na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung chamamos essa identidade de “Consciência do Ego”, ou seja, a ideia e imagem de “quem eu sou” e, também, de “quem eu não posso ser” para sermos funcionais na vida (leia sobre o tema no artigo “A Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung: O papel do Ego no nosso processo de evolução”). E é exatamente aí que está a grande armadilha da nossa mente! Afinal, muito do que passamos, fizemos e realizamos desde que nascemos, se voltássemos no tempo, muito provavelmente não acreditaríamos que seríamos capazes de passar, fazer e realizar! Pensamentos como “EU nunca seria capaz de fazer isso!”, “Nem parecia que era EU!” ou “Não sei onde EU estava com a cabeça!” são fortes evidências que “somos” muito mais do que aquilo que acreditamos ser, um “EU MAIOR” além da nossa consciência! Quando esse tipo de pensamento nos assola e fazemos essas afirmações, estamos nos comparando com a imagem que acreditamos, e precisamos ter de nós mesmos. Porquê? Está certo ou errado? Não se trata disso! Está tudo ok! Considere simplesmente que você é muito mais do que imagina e que, também, sim é capaz de fazer coisas para atender suas necessidades de bem-estar que podem ser, digamos, inconvenientes para alguém e, até para você, dependendo do contexto. O fato é que sempre estamos procurando fazer, através dos nossos comportamentos, o melhor que pudemos para atender nossas necessidades a cada momento.  Assim, para convivermos socialmente, seja na vida pessoal ou profissional, é fundamental respeitarmos certos valores éticos e morais para sermos aceitos e, portanto, fazermos parte para nos sentirmos seguros.  Como exemplos podemos trazer o pertencimento a comunidades, família, ter amigos, fazer parte de um time no trabalho e assim por diante.

Para compreendermos nossos sentimentos e atendermos nossas necessidades, e também das pessoas com quem nos relacionamos, temas dos próximos artigos dessa série, é importante buscarmos atitudes que nos conectem ao mundo e, portanto, nos tragam bem-estar mental, físico, emocional.

Tudo que não “bate” com nossa autoimagem desejada, o EU idealizado, evitamos, reprimimos, rejeitamos e, atenção, projetamos e “vemos” no outro sem perceber. Daí vêm os julgamentos e a grande oportunidade de você reconhecer quem você realmente é. E só reconhecendo que, em VOCÊ, há muito mais “EUs” do que possa imaginar, que você poderá dominá-los com sabedoria e maestria para encontrar a melhor versão de SI MESMO!

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados.”

                                                                                                                                                                                         Mateus 7:1

 

O primeiro passo para o seu bem-estar: dicas & reflexões

Tudo aquilo que você vê e ouve, ou seja, que é captado pela sua visão e audição, são fatos e eventos observados. Tudo que você pensa e afirma sobre esses fatos, dado por seus julgamentos, avaliações e interpretações, são frutos de imagens mentais construídas a partir do que apreendeu pela experiência.  Nos relacionamos com essas imagens porque é assim que percebemos a realidade e isso nos traz uma “sensação de segurança”. A questão é que, quanto mais nos “fixamos” nessas imagens, sobre si próprio, o outro e o mundo em nossas experiências, que apesar de verdadeiras não representam toda a “verdade”, menos autonomia e liberdade de escolha nos permitimos… 

Vamos refletir: quando você pensa ou diz que uma pessoa com quem você se relaciona é hostil, por exemplo, procure se questionar, de forma imparcial, e verificar se encontra mais de uma resposta, para as seguintes perguntas:

 Após fazer esse exercício de reflexão, de forma imparcial, como você se sente quando amplia a “realidade” a partir de outros pontos de vista? Mais ou menos confortável? Bem-estar ou mal-estar?

 Nossas emoções e sentimentos, sem dúvida, têm grande conexão com o que é importante para nós e também com os julgamentos, interpretações e avaliações que fazemos de si próprios, do outro e do mundo que nos cerca. Portanto, a posição de observador da “realidade” em que nos encontramos, a cada instante, afeta diretamente nosso comportamento, relacionamentos e bem-estar! 

A propósito, qual o olhar que o aproxima daquilo que você deseja para si, para o outro e para o mundo?

“Seja a mudança que você quer ver no mundo.”

                                                                    Mahatma Ghandi

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