Os conflitos e neuroses têm suas origens no confronto entre como você e as pessoas te veem, em grande medida pelas suas atitudes e comportamentos, e o que você precisa e quem realmente é, o grande mistério da vida. O que está em jogo é a sua autoimagem e seus valores e necessidades, como sobrevivência, segurança, pertencimento, autoestima e, no topo da hierarquia, a autorrealização.
“Em nós há vários Eus ”
Carl Gustav Jung
Quando essas necessidades estão, ou não, sendo atendidas, esse alinhamento, ou desalinhamento, ou “gap”, nos afeta emocionalmente. Esse estado emocional se manifesta no corpo, em forma de sensações físicas e linguagem verbal e não-verbal, e na mente, em por meio de pensamentos, julgamentos, percepções, avaliações e representações internas. O seu estado mental afeta seu corpo que, por sua vez, afeta seu estado mental, e o ciclo de bem, ou mal-estar, estará instalado! Como sem contexto não há texto, para ilustrar, vamos a um exemplo prático que vivemos recentemente e ainda “vive” em nós:
A incerteza e o isolamento, presentes nas nossas vidas no período de pandemia, confrontaram, e seguem afetando, o atendimento das nossas necessidades de segurança e pertencimento! Ainda que os fatos objetivos, aquilo que vemos e ouvimos, corroborem com essa “ameaça real”, as interpretações que cada um faz sobre essa “realidade objetiva” são muito particulares, singulares, individuais e, portanto, subjetivas. Como o cérebro não distingue o real do imaginário, o que você “der” para ele é assumido como real e a resposta psicofísica, por meio de um processo neuroquímico, acontecerá na mesma proporção dessa “realidade construída”.
O mundo, no limite, passa a ser percebido como ameaçador, onde quer que você esteja, e o mal-estar seguirá sendo seu fiel companheiro! Essa resposta se manifesta por meio de um diálogo interno, intrapessoal, e através das suas relações interpessoais, expressas na linguagem verbal e não verbal, como tom e ritmo da voz, gestos, posturas e expressões que, por sua vez, passarão mensagens para aqueles que o rodeiam! O mundo, e tudo que o compõe, do seu ponto de vista, passa a estar associado à ideia de ameaça, e até objetos inanimados criam vida e se tornam ameaçadores! A boa notícia é que o antídoto para o veneno da cobra está no próprio veneno!
“A maioria das coisas pelas quais sofremos na vida, nunca acontecem.”
Aquilo que você acredita e pensa sobre essa “realidade objetiva” é o real estímulo (gatilho) para seu desconforto dado pelo excesso de ansiedade, medo, irritação, frustração e muitas outras emoções de intensidade e duração desproporcionais. A consciência daquilo que é importante e fundamental para você, a cada instante, e do que sente, é o primeiro passo para sua autogestão emocional. Os passos seguintes requerem atenção plena aos seus gatilhos, atitudes e comportamentos, que te trazem mal-estar e, principalmente, bem-estar!
A palavra-chave aqui é “autonomia”, ou seja, a escolha por aquilo que te traz bem-estar depende, em grande medida, da sua percepção de realidade e, portanto, das perspectivas que você construir na sua mente, principalmente apoiadas na sua própria história! Afinal, tudo é uma questão de ponto de vista e recordar é viver!
“Ali para onde você levar sua mente, levará sua vida.”