O YOGA E O SEU PODER DE EXPANDIR POSSIBILIDADES
A prática do Yoga, filosofia e ciência da sabedoria milenar, evidencia os benefícios incontestáveis de estarmos conectados ao contexto presente, como a mente livre de uma criança que vive cada momento de forma única.
“O Yoga é a inibição das modificações da mente.
Yoga Sutras de Patãjali 1 – Sutra I-2
As verdades sobre a filosofia e a técnica do Yoga são baseadas em experiências e experimentos de uma linha ininterrupta de místicos, ocultistas, santos e sábios, que as realizaram e testemunharam através de eras. Nesse artigo, vou me ater ao aspecto técnico e deixar o filosófico, de uma riqueza espetacular, para publicações futuras.
Apesar do Yoga aparentar ser uma atividade física com comprovados benefícios para o equilíbrio do corpo, trata-se de um profundo e inteligente processo de aprendizagem e auto conhecimento. Os ásanas, assim chamadas as posturas psicofísicas do Yoga, nos permitem ir muito além: através da atenção focada no corpo e na respiração, ao reconhecermos nossas limitações momentâneas e sutis modificações internas durante a prática, evoluímos e aprendemos a partir delas.
Trata-se de uma prática mente-corpo que aquieta as flutuações mentais, desenvolve a auto-observação e o senso de unidade através de movimentos, posturas de equilíbrio e alinhamento, exercícios respiratórios, meditação e relaxamento. Entre seus comprovados benefícios, podemos destacar o alívio do estresse físico e mental, melhorando a saúde geral.
“Da mesma forma que o corpo se contrai diante da dor física, a mente possui um reflexo que a faz recuar diante da dor mental.
Deepak Chopra
A atenção permanente à evolução do nosso estado mental e corporal durante as práticas desenvolve naturalmente, além do fortalecimento e flexibilização do corpo, um domínio fantástico dos nossos impulsos e reações que, muitas vezes podem ser inconvenientes no ápice das nossas emoções. Isso significa que a habilidade de estar presente e autoconsciente proporcionada pela prática do Yoga alinha de forma extraordinária pensamentos, sentimentos e emoções e atitudes, nos tornando extremamente assertivos diante das adversidades da vida.
A partir da perspectiva de saúde pública, no Brasil o Yoga e outras práticas corporais foram introduzidas no Sistema Único de Saúde por meio da Portaria 719, de 7 de abril de 2011, com a criação do Programa da Academia de Saúde, pelo Ministério da Saúde. A expansão do uso do Yoga como prática terapêutica motivou o crescimento do número de pesquisas sobre o tema mundo afora, inclusive como um recurso complementar ao tratamento de diabetes, câncer e outras doenças.
Trazendo o Yoga um pouco para a minha experiência profissional, após mais de 10 anos atuando como executivo do mercado financeiro, parti em 2002 para a carreira solo na área de Treinamento e Desenvolvimento Corporativo. Minha primeira grande missão foi preparar profissionais do Mercado Financeiro para a Certificação Profissional CPA-10 e CPA-20, instituída na época pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento. As temidas CPA-10 e CPA-20 passaram a ser um pré-requisito para que o profissional atendesse consultivamente clientes investidores. Como a experiência em profundidade com produtos e soluções de investimento financeiro era escassa para muitos desses profissionais, que passaram obrigatoriamente a ter que ver o cliente de forma mais global, a mente “escorregava” para um futuro incerto e tenebroso…
“O sofrimento que ainda não chegou pode e deve ser evitado”
Yoga Sutras de Patãjali 1 – Sutra II-16
Compreendendo a capacidade criativa que nossa mente tem de configurar futuros incertos para dar coerência e vida à nossa “loucura” presente, lancei mão do Yoga para estabilizar as flutuações mentais desses profissionais, ou melhor, seres humanos normais como todos nós.
Lá estava eu com um “Bowl” tibetano (sino de metal em forma de tigela usado em rituais) em mãos experimentando pela primeira vez algo em um contexto inédito e adverso: transformar o medo ameaçador daquilo que ainda não ocorreu em prudência e conquista de algo totalmente possível.
Assim, contagiado por um forte propósito de beneficiar aqueles seres sencientes como eu, lançava perguntas desafiadoras das suas crenças limitantes, para depois conectá-los a um estado de presença e consciência em situações reais de auto realização e poder. Tudo através de técnicas de linguagem, posturas psicofísicas básicas, exercícios respiratórios e meditação conduzida.
E assim foi e tem sido durante anos. Os resultados aparecem através de depoimentos e agradecimentos daqueles que experimentaram os benefícios do Yoga Brasil afora em salas de aula, dos que hoje experimentam nossas práticas do grupo “Yoga em Casa” e em atendimentos individuais combinados com outras ferramentas.
O extraordinário benefício do Yoga é, em última instância, a expansão das nossas possibilidades de ação diante das adversidades da vida. Ao nos percebermos responsáveis pelos resultados que obtemos, passamos a pensar, sentir e agir de forma mais coerente com o que é mais importante para nós, um movimento virtuoso que acontece naturalmente por simplesmente sermos quem somos.
Yoga. Recomendamos!
Namastê: saudação sânscrita usual no Yoga que significa, em tradução livre: “O sagrado que há dentro de mim saúda o sagrado que há dentro de você”.
1 Patãjali: filósofo indiano que viveu por volta do século VI a.C., foi a primeira pessoa a codificar o Yoga através de aforismos, os “Yoga Sutras” (Sutras-fios que tecem a grande teia). A sua obra é a mais citada e adotada dentre todos os sistemas do Yoga, sendo também conhecido como Raja Yoga ou Yoga Real.
Referências:
A Ciência do Yoga – I.K. Taimni
O Poder da Consciência – Deepak Chopra
PORTARIA Nº 719, DE 7 DE ABRIL DE 2011 –Diário Oficial da União
Sérgio Azem – Trainer, Coach Pessoal e Profissional, Palestrante e Instrutor de Hatha Yoga
Professor Hermógenes – Documentário “EU MAIOR”
CRENÇAS, JULGAMENTOS, CONSCIÊNCIA E AUTOCOMPAIXÃO
Li recentemente um post em uma rede social que dizia o seguinte:
“O melhor indicador do caráter de uma pessoa é como ela trata as pessoas que não lhe trazem benefício algum”
Trata-se sem dúvida de uma crença e, acreditar que nossas crenças são uma verdade absoluta, é uma faca de dois gumes. Sendo assim, podemos dizer que nossas “verdades absolutas” são relativas. É sobre isso que falaremos…
Um mesmo tratamento pode ter motivadores diferentes e, portanto, distintas intenções positivas. Há de se considerar também que todo comportamento é adequado dependendo do contexto onde está inserido.
Como saber se alguém tratou outra pessoa de certa maneira somente porque ela não lhe trouxe benefício algum? Que benefícios seriam esses e para quem? Será que essa pessoa de “caráter duvidoso”, na perspectiva do observador – o detentor da crença, sempre age da mesma maneira ou poderá ter sido uma eventualidade, uma exceção à “regra”, motivada por algo que ele desconheça, como as suas necessidades e sentimentos? Se a segunda opção for verdadeira, vale dizer que o valor das pessoas é constante mas seu comportamento pode mudar e, portanto, a crença se dará por desarticulada. Desarticulando certas crenças, expandimos nossas possibilidades de ação, nossos pensamentos, estados emocionais e comportamentos mudam, e os resultados podem se aproximar mais daquilo que é realmente importante para cada um nós, e para todos os seres sencientes!
Inevitavelmente cada um de nós, como indivíduos, vive invariavelmente dentro de uma “bolha de realidade”. Sendo assim, nossa percepção, um aspecto da consciência, é nada mais do que “como as coisas se parecem, ou são, para mim”. Daí vêm as crenças que nada mais são que generalizações. O lado positivo disso é que precisamos generalizar para encontrarmos sentido nas coisas, fazer jus à nossa “bolha de realidade” e vivermos em paz, dentro dela. Por outro lado, se confundirmos nossas crenças com “quem somos”, quando essa efêmera bolha de realidade estoura, perdemos referências, e vem o sofrimento pela perda de identidade. Aí os julgamentos, do que é certo ou errado, bonito ou feio, adequado ou inadequado, deixam de ser “verdades absolutas”. Um bom exemplo é lidar com a demissão de um cargo de alta liderança em uma organização top no ranking “As Melhores empresas para se trabalhar”, ou seja, sair da bolha “Eu sou o líder da empresa X” para o “Quem sou eu?.”, a ponto de ser sequestrado emocionalmente por uma repentina e momentânea contração da consciência dos próprios valores.
Os julgamentos que fazemos de nós mesmos e das pessoas, pelos seus comportamentos, têm a ver com a máxima: “Todo comportamento tem uma intenção positiva por parte de quem age”. A intenção por trás dos comportamentos pode ser de se sentir mais seguro, reconhecido, valorizado, aceito, realizado, feliz, etc, por uma série de “marcas” inscritas na nossa memória emocional e, também, pelo inconsciente coletivo. Assim, sempre estamos fazendo o melhor que podemos para atender essas necessidades, das quais, muitas vezes, nem temos consciência. O julgamento é uma forma trágica de manifestarmos nossas próprias necessidades não atendidas, uma vez que estamos falando de si próprios e, portanto, das nossas próprias crenças.
A autocompaixão nutrida pela consciência de que não somos nossos papéis, o resultado do que fazemos, nossos pensamentos, nossas emoções, nem o nosso próprio nome, é o antídoto. Afinal, a cura do veneno está no próprio veneno. A propósito, quem é você?